

23 de agosto de 2025
A Pedra do Baú foi escalada no dia 12 de agosto de 1940 pela primeira vez pelos irmãos Antônio e João Cortez, ambos sambentistas.
A Pedra do Baú, era chamada de EMBAHÚ, que na língua tupi-guarani significa "vigia". Foi também chamada ITACOLOMI , e quer dizer "mãe com o filho". Recebeu ainda os nomes de Baú e Canastra pelos tropeiros e caboclos da região.
Antônio Teixeira de Souza Filho (Antônio Cortez), nasceu em São Bento do Sapucaí no dia 8 de agosto e 1889, era pedreiro por profissão e montanhista por vocação. Além dos trabalhos na Pedra do Baú participou da abertura braçal da estrada que liga São Bento ao Bairro do Paiol Grande e da construção do campo de aviação que existiu na cidade.
Teve chance de enriquecer com as famílias Fracalanza e Matarazzo, mas como era fiel ao amigo Luiz Villares repetia que não queria riquezas, mas apenas a honra de ser admirado por tanta gente.
Trabalhou na construção do Acampamento Paiol Grande, mas deixou por livre e espontânea vontade. Não conseguiu se aposentar e foi para Mogi das Cruzes junto com seu filho José para trabalhar no cemitério da cidade.
Mas sua maior aventura foi escalar a Pedra do Baú, aventura que contava com empolgação para a família e amigos.
João Teixeira de Souza, nascido em São Bento do Sapucaí, nasceu dia 2 de janeiro de 1903. Escalou a Pedra do Baú e levou muitos turistas até lá, e ainda nem havia escadas, só degraus de madeira improvisados.
João Cortez era comerciante e não tinha muito tempo disponível para ser guia turístico, além de não dar muito dinheiro. Então se desligou rapidamente da Pedra do Baú, dedicando-se ao comércio. Mudou-se para São José dos Campos onde continuou seu ofício. Faleceu em 12 de agosto de 1962.
UMA ESCALADA PARA A LIBERDADE
Antonio Cortez tinha uma obsessão em escalar a Pedra, desde criança. "AINDA HEI DE VER O QUE HÁ EM CIMA DAQUELA PEDRA. UM DIA, EU SUBO LÁ". Foram muitas tentativas para subir a Pedra, até que um dia convidou seu irmão para subir a Pedra, que foi feita no dia 12 de agosto de 1940.
Quando retornaram a cidade, depois do feito foram recebidos com festa por todos. Nos dias que se passaram não se falava em outra coisa, a notícia correu pela Mantiqueira e chegou a Campos do Jordão que montou uma caravana para subir a Pedra do Baú, formada por Benedito Vaz Dias, Carlos Barreto, Francisco Coutinho, Manoel Ferreira, Francisco Almeida e Jayme de Almeida que seguiu para o paiol Grande. Fizeram a viagem de carro, no lombo de animais, abrindo picadas na mata até chegarem onde os irmãos Cortez iniciaram a escalada, demoraram 8 horas de viagem.
OFICIALIZAÇÃO DO CAMINHO DA PEDRA DO BAÚ – Os dois heróis sambentistas ficaram conhecidos pelo feito, mas muitos não acreditavam na escalada realizada. Sendo assim marcaram uma semana depois da primeira escalada (19 de agosto de 1940) para repetir o feito.
O povo preparou uma grande festa para comemorar o evento, e uma caravana composta por autoridades de São Bento do Sapucaí, convidados de outras cidades dirigiram-se para a Pedra, por volta do meio dia aparece do alto do Baú, acenando para a massa ali presente os irmãos Cortez! Hastearam uma bandeira, e nesse momento começou a tocar o Hino Nacional, Antônio teve vontade de chorar, gritar e até pular de lá de cima, tamanha sua alegria.
Capitão Olegário Marcondes fez um discurso exaltando o feito. Terminadas as festividades o povo começou a descer a serra, enquanto isso os montanhistas arriscam a vida descendo a Pedra, horas mais tarde chegam no paiol Grande e uma multidão os recebe com abraços, a emoção foi tanta que nenhum dos dois disse uma palavra sequer.
A FAMÍLIA CORTEZ NA PEDRA DO BAÚ – Desde que escalou a Pedra Antônio tinha o desejo de poder proporcionar a mesma emoção a sua família, e fazia gosto que sua esposa fosse a primeira mulher a subir na Pedra. Marcaram de subir com os filhos de madrugada, e com todo cuidado Antônio improvisou uma escada com os paus deixados ali por ele e seu irmão e nos lugares mais perigosos todos eram amarrados com corda. Quando o sol mediava o céu estava toda a família em cima do rochedo, inclusive seu filho caçula com cinco anos de idade.
Percorreram a Pedra de ponta a ponta, respiraram ar puro e se maravilharam com as paisagens. Horas depois, com mesmo cuidado da subida desceram e chegaram em terra firme. A noite, em casa, por volta das 22h, falavam do passeio e Antônio naquela noite foi o último a ser derrotado pelo sono, tamanha era sua satisfação.
O tempo foi passando e o destemido montanhista continuava escalando a Pedra do Baú e explorando-a por todos os ângulos, sempre querendo descobrir coisas novas. E se animava em falar dela para os amigos, com a voz sempre carregada de muita emoção.
Matéria publicada pela
Câmara Municipal de São Bento do Sapucaí
