

23 de março de 2025
O Marco B/BG-11-A
Foi difícil, muito duro, trilha com muitos obstáculos, selva densa, preservada, intocada, e desde agosto/24 ninguém passou nela, com dezenas e dezenas de árvores caídas, um sobe-e-desce montanhas intenso, uso de facão constante, até machado levamos, nosso guia Arlindo foi um indígena Ingarikó (2º da esquerda), muito experiente na mata. Sem ele não chegaríamos.
Lá não tem trilhas abertas como as que conhecemos, e é muitas vezes mais difícil que ir ao Pico da Neblina ou na Serra do Aracá ou no Monte Roraima. Entramos e cruzamos dezenas de rios, riachos e alagados, alguns com água até a cintura, outros equilibrando em pinguelas, ficando 5 dias com bota molhada, e a pele do pé quase soltando, muitas bolhas, hematomas, arranhões e contusões. As águas na maioria são escuras ou amareladas, como no Rio Negro.
Tivemos um carro 4x4 quebrado em estradas off-road das piores que já vimos. Em vários momentos pensamos que não íamos conseguir chegar ao cume ou que íamos perder o avião de volta, tão grande era a quantidade de imprevistos e incertezas do que iria acontecer.
Dos 6 dias de selva, os 4 iniciais foram de chuva e os 2 últimos sem, o que abaixou os rios para voltarmos. Usamos voadeiras por várias vezes, no Rio Cotingo e no Rio Panari. Lá ainda não existe uma estrutura para turismo, sentimos o modus vivendi indígena original dos Ingarikós. Foi a segunda trilha mais radical e roots que fizemos, só ficando atrás mesmo da Travessia Latitudinal da Ilha Grande, entre a Parnaioca e o Saco do Céu, por não haver trilha nenhuma e no Caburaí uma tênue trilha anterior, muitas vezes fechada. Nossa comida foi de liofilizados. Mas a comida indígena é deliciosa, taioba, banana, beiju, cachiri, pimenta...
Levamos a doação de 5 notebooks, 5 mouses, 1 impressora multifuncional e 1 nobrake de 1200 VA, para iniciar o laboratório de informática de ensino à distância (EAD) dos Ingarikós.
Fomos em sete, do RJ estavam Lilian, Davi e eu Erick. Estavam também o Alexandre (SP), o Jefferson (ES), o Sávio (MG) e o Felipe (PR).
Do CEU: Erick e Alexandre.
VOLTAR? Talvez repetir a aventura numa melhor época, com menos chuvas, segundo eles...🙏🙂 . Estamos sofridos mas felizes!
IMPORTANTE. Essa expedição que fizemos não é comercial, e muito menos específica de eco-turismo, faz parte do Projeto Quatro Extremos do Brasil (https://4extremos.montanhas.eco.br) de registrar os povos originários que vivem nos extremos do Brasil (guaranis/sul, Ingarikós/norte, nawas e nukinis/oeste e potiguaras/leste) e nos comprometemos a construir um site de internet com domínio próprio para eles, o que será feito nos próximos meses (como fizemos com os Pemóns Taurepang do Monte Roraima (https://www.paraitepuy.com), também registrar fotografias e vídeos que possam se transformar numa exposição virtual dos 4 Extremos e aproveitamos de levar doações para o que eles estejam precisando no momento, neste caso foram equipamentos de computação para a criação do Laboratório de Informática para Educação à Distância (EAD) dos Ingarikós, que ainda estão construindo a sala e receberá outros equipamentos em breve, com data de inauguração a ser marcada.
Para mais informações do Projeto Quatro Extremos acesse o link